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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Odaléia, noites brasileiras - Marilia Medalha

Por Marcus Vinicius

Odaléia, noites brasileiras - canção de Gonzaguinha para sua mãe Odaléia, na interpretação da grande Marília Medalha.



ODALÉIA, NOITES BRASILEIRAS (GONZAGUINHA)

Minha cantora esquecida das noites brasileiras
Te amo
Compositora esmagada dessa barras brasileiras
Te amo
Minha heroína doente do peito
Minha menina de luta
minha morena catita
Ah! minha preta

Furando cartão
cantando nos becos
tossindo nos cantos
o lenço na boca, o sangue
A mão na garganta
a perna já bamba
a força não tanta
a vida tão tonta

Eis Odaleia em busca de um sonho dourado
vai Odaleia, delírio de um dia
Léia retrato guardado em meu quarto
Minha Dalva
Minha estrela guia

na fome de amor
na voz estancada
no ouro da lama
nos humildes enganos
saiba Odaleia pequena
Te ouço
Te vivo
Te amo

Gonzagão e Gonzaguinha

Baiana System - Barravenida

via Bruno Perdigão

Maracangalha - Dorival caymmi

LUIZ GONZAGA - 100 anos

Por Marcus Vinicius


Thiago Marques Luiz vem produzindo discos com grandes nomes da música brasileira. Produziu recentemente duas pérolas - Angela Maria "Eu voltei" e três discos com Cauby Peixoto " O Mito - A voz do violão, 60 anos de música e Caubeatles". Numa terrinha tão ruim de memória, o trabalho de Thiago merece destaque e reverência. ( Lembro também os trabalhos relevantes feito por Charles Gavin, Rodrigo Faour e pelo selo discobertas, nesta linha da memória.). 
Mas, Thiago também vem produzindo também homenagens: Ataulfo Alves 100 Anos, Uma flor para Nelson Cavaquinho.
A mais recente são 50 gravações inéditas da obra de Luiz Gonzaga. 
Gonzaga faria 100 anos em 2012, no dia 13 de dezembro, dia também de Santa Luzia. 


PS - O autor da capa Elifas Andreato, imenso artista, foi um dos grandes "capistas" de muitos lps. O Diumtudo já publicou várias de suas obras.

CD 1 - SERTÃO
1. Asa Branca - Dominguinhos, Amelinha, Geraldo Azevedo, Ednardo e Anastácia
2. A Volta da Asa Branca - Fafá de Belém
3. A Morte do Vaqueiro - Zé Ramalho
4. No Meu Pé de Serra - Elba Ramalho
5. Estrada de Canindé - Geraldo Azevedo
6. Légua Tirana - Amelinha
7. Assum Preto - Vanguart
8. Acauã - Cida Moreira
9. Juazeiro - Daniel Gonzaga
10. Riacho do Navio - Ayrton Montarroyos
11. A Vida do Viajante - Zezé Motta
12. A Feira de Caruaru - Anastácia e Osvaldinho do Acordeon
13. Vozes da Seca - Cátia de França/Baião da Garoa - Passoca
14. Pau de arara - Chico César
15. Ave Maria Sertaneja - Guadalupe e Liv Moraes
16. Boiadeiro - André Rio (com participação especial de Mestre Genaro)
17.Noites Brasileiras - Gonzaga Leal


CD 2 - XAMÊGO
1. A Sorte É Cega - Filipe Catto
2. Orélia - Ylana Queiroga
3. Xamêgo - Maria Alcina
4. O Cheiro da Carolina - Forró in the Dark
5. Xanduzinha - Karina Buhr
6. Balance Eu - Thaís Gulin
7. Vem Morena - Ednardo
8. Cintura Fina - Gaby Amarantos
9. Qui Nem Jiló - Angela RoRo
10. Sabiá - Jussara Silveira
11. A letra I - Verônica Ferriani e Chorando as Pitangas
12. Açucena Cheirosa - Rolando Boldrin e Regional Imperial
13. O Xote das Meninas/Capim Novo - Elke Maravilha e Trio Dona Zefa
14. Roendo a Unha - Célia
15. Dúvida - Maria Creuza
16. Olha pro Céu - Vânia Bastos


CD 3 - BAIÃO
1. Baião - Wanderléa
2. Respeita Januário - Zeca Baleiro
3. Daquele Jeito - Dominguinhos
4. Imbalança - Paulo Neto
5. Paraíba - Márcia Castro
6. Dezessete Légua e Meia - Milena
7. Forró de Mané Vito - Eliana Pittman
8. ABC do Sertão - Virgínia Rosa
9. Forró no Escuro - Simoninha
10. Baião de Dois - Claudette Soares e B3 Orgão Trio
11. Dezessete e Setecentos/
Calango da Lacraia/O Torrado - Edy Star e Banda Monomotor
12.Deixa a Tanga Voar - Ela
13. Lorota Boa - Silvia Machete
14. Siri Jogando Bola - China
15. Derramaro o Gai - 5 a Seco
16. Mangaratiba - Silvia Maria e Dalua
17.Madame Baião - Nation Beat


Serviço:
100 anos de Gonzagão
três cds - 50 gravações inéditas
Capa - Elifas Andreato
Produtor - Thiago Marques Luiz
Selo - Lua Music

Blue Moon - Diane Shaw

Blue Moon - Billie Holiday

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O menino acorrentado

Por Contardo Caligaris

A notícia apareceu na internet na quinta passada, dia 23: no Paraná, um menino de nove anos foi encontrado acorrentado, sozinho em casa, sem água e sem comida ao seu alcance. A mãe e o padrasto foram trabalhar e o deixaram assim. Na primeira reportagem, as explicações do comportamento dos pais estavam no condicional: segundo eles, "seria" a primeira vez, e o menino "estaria" envolvido com drogas. Ou seja, opróbrio nos pais cruéis.

Mais tarde, o site da CGN publicou uma entrevista com o padrasto. Pergunta: "Você sabe que agora, por mais que você tenha tido uma boa intenção, vocês vão responder judicialmente pela atitude que vocês tiveram?". O padrasto: "Com certeza. Só que acontece que eu não vou criar um moleque ladrão, maconheiro e bandido dentro da minha casa, para, amanhã ou depois, vocês jogarem na minha cara que eu não fui pai e não pude educar".

Depois de o padrasto expor um rosário de roubos cometidos pela criança, nova pergunta: "Não era o caso de procurarem a Polícia Militar e falarem: 'Está assim! Não estamos conseguindo (...)', em vez de acorrentar essa criança em casa?". E o padrasto: "A minha esposa já ligou (para a PM), acho que umas três ou quatro vezes. Mas ele sai de casa, ele some".

No dia seguinte, a TV Tarobá ouviu a mãe e o menino. Para a mãe, "se tentar segurar (o menino), é pau, pedra, tijolo, faca, o que tiver na frente ele taca. Não tem quem segure". O menino acrescentou detalhes, como a vez em que cortou o braço da irmã com gilete. A mãe: "Às vezes, é melhor acorrentar ali, do que ver mais tarde ele virar um bandido, um ladrão, um drogado. E você olhar na minha cara e falar que eu não criei meu filho, que eu não prestei para ser mãe". Detalhe: fora a corrente no pé, o menino não apresentava nenhum sinal de maus-tratos.

Foi assim que, em um dia, passamos da indignação pela violência dos pais à perplexidade (humilde) diante da tarefa impossível de educar.

Os pais têm razão: se o menino se tornasse ladrão e bandido, há sabichões que os acusariam. Os mesmos sabichões diriam, aliás, que, se os pais tiveram que acorrentar o menino, é porque eles fizeram algo muito errado --algo que comprometeu sua própria autoridade.

Adoraríamos que os sabichões tivessem razão. Saberíamos com certeza que o fracasso da autoridade depende da falta de amor e de cuidados: "Você não cuidou bem de seu filho? Pior para você: ele não te respeitará. Bem feito". Ou, então, o contrário (tanto faz, o que importa é fazer de conta que a gente saiba o que não dá certo): "Você sempre o mimou. Por preguiça ou pela vontade de vê-lo rindo como você nunca riu, você foi permissivo, e por isso ele nunca te respeitará".

Infelizmente, ninguém sabe o que faz que uma educação dê certo. E pais e filhos, perdidos (os primeiros no desespero e os segundos no desafio), acabam acreditando, um dia, como no caso do menino do Paraná, que o fundamento da autoridade e da rebeldia seja a força --eu te acorrento, e você vem com gilete.

Uma pesquisa famosa de Daniel Kahneman, em 2004 (http://migre.me/asSPV, para assinantes), constatou que criar filhos não é uma fonte de bem-estar. No melhor dos casos, criar filhos deixa uma lembrança boa (idealizada), mas é uma experiência dura e, às vezes, ruim. Na mesma linha, para Daniel Gilbert ("O Que nos Faz Felizes", Campus), os filhos e o dinheiro são as coisas das quais pensamos erroneamente que nos fariam felizes.

Uma recente pesquisa feita por M. Myrskylä (http://migre.me/as4jY) foi recebida com alívio porque mostra apenas isto: 1) depois da dureza e das crises dos primeiros meses do filho, os casais não desmoronam definitivamente na infelicidade, mas, aos poucos, eles voltam ao nível de bem-estar de quatro ou cinco anos antes de engravidar; 2) depois dos 40, os casais com filhos adultos estão um pouco melhor do que os que não tiveram filhos.

Seja como for, a criação dos filhos é uma experiência menos satisfatória do que todos queremos acreditar que seja.

O que foi? Será que, de repente, na modernidade, perdemos a mão, e ninguém sabe mais ser pai direito? Por que, na hora de educar, nossos avós pareciam se sair melhor do que a gente --com menos questionamentos e menos dramas?

É uma questão de expectativas: eles não esperavam nem um pouco que criar filhos lhes trouxesse a felicidade. E é uma questão de lugar: para eles, as crianças não eram o centro da vida dos adultos.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Michael Jackson - 29 de agosto de 1958

Via Saskia


"Remember the Time", lançado em 1992, do álbum Dangerous, foi dirigido pelo famoso cineasta John Singleton. Com o Egito antigo como cenário, o vídeo, como muitos de Jackson, é na verdade um curta-metragem (mais de 9 minutos de duração) e um de seus mais elaborado, com inovadores efeitos visuais, figurinos deslumbrantes e imagens, e uma lista de participações especiais, que inclui algumas das maiores celebridades da época: Iman, Eddie Murphy, The Pharcyde, e Magic Johnson. "Remember The Time" é um dos poucos vídeos onde Jackson é visto beijando sua co-estrela; Iman mais tarde afirmou que ele era um "beija muito, muito bom."

© 1991 Optimum Productions
Composição: Michael Jackson, Teddy Riley, Bernard Belle
Álbum: Dangerous
Diretor: John Singleton
datas de produção: 1991
Localização Produção Primária: Los Angeles, Califórnia

Maromba


Via Bruno Perdigão

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Paralisação na UFC e na Unilab: meninos, eu vi!(*)

Por Marília Brandão

Na tarde do dia 23, estávamos em reunião na Adufc-Sindicato quando fomos surpreendidos por gritos vindos da rua. Um grupo de mais de 100 pessoas, professores e a maioria estudante, gritava insultos a diretores da Adufc.

Minha primeira reação foi de incredulidade. Não acreditei que professores de nossa universidade pudessem liderar uma ação daquele tipo contra seus representantes legitimamente eleitos. Há mais de 30 anos participo das lutas dos docentes da UFC, do movimento ambientalista, da batalha pela Anistia. Convivi, durante esse tempo, com diferentes correntes de pensamento. Mas aquela demonstração de violência só vivenciei nos tempos de ditadura.

Uma segunda reação foi de medo. Medo por mim e pelas pessoas que comigo estavam, impedidas de ir e vir, por um grupo que dava claras demonstrações de estar disposto a ações violentas, já que tentaram encobrir as câmaras de segurança. Agressões pessoais ocorridas em diversos momentos dessa greve justificavam esse temor.

Mas tive também um sentimento de revolta ao escutar ofensas dirigidas à diretora Mirtes Amorim. Um professor, aos gritos, no microfone, citava o nome da filha da Mirtes referindo-se à “vergonha que ela teria da mãe”. Público e privado confundiram-se numa profunda demonstração de falta de limites e respeito pelo outro.

A feliz intervenção de uma professora conseguiu o compromisso dos manifestantes de não invadirem a sede da Adufc no momento que a porta fosse aberta para entregar o abaixo assinado. No dia seguinte, fiquei igualmente revoltada com as versões de integrantes do evento. Não é verdade que a mobilização tenha sido pacífica. Ela causou graves danos morais e desrespeitou o patrimônio do Sindicato. As fotos dos pichadores e os insultos gravados provam o que estou afirmando.

Já participei de greves difíceis, com divergência de opiniões sobre encaminhamentos. Nesses momentos, o respeito baseado no uso de argumentos pautava nossas ações. Nunca vivenciei, como agora, em assembleias ou fora delas, a falta de compostura que hoje macula nosso fazer político.

Renunciei ao meu cargo na direção da Adufc. Estou certa de que tudo fiz para agregar forças. Desejo que se retome o diálogo de forma democrática sem perder o nosso objetivo principal: a defesa dos interesses dos professores da UFC e da Unilab.
(*) “E à noite nas tabas, se alguém duvidava do que ele contava, tornava prudente: ‘Meninos, eu vi!’” Gonçalves Dias – I-Juca Pirama.
http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2012/08/28/noticiasjornalopiniao,2908338/paralisacao-na-ufc-e-na-unilab-meninos-eu-vi.shtml

NOTA DA SEMAS - Secretaria Municipal de Assistência Social de Fortaleza

A Semas (Secretaria Municipal de Assistência Social) – responsável pela gestão do banco de dados do Cadastro Único para Programas Sociais – informa que segue todo o procedimento orientado pelo Governo Federal para incluir as famílias de Fortaleza, bem como, gerenciar os dados cadastrais no sistema.

Esclarece, ainda, que a inclusão ou cancelamento de famílias no Programa Bolsa Família é de responsabilidade do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e que o repasse do benefício é realizado pela Caixa Econômica Federal (CEF) que possui o extrato social de cada beneficiário.

Qualquer família pode se inscrever no Cadastro Único e é também a família responsável pela veracidade das informações auto-declaradas no momento da inscrição. Cabe a Semas incluir os dados da família no Cadastro Único, como renda per capita, quantidade de membros na família, propriedade de bens etc..

A cada dois anos, as famílias no Cadastro Único precisam atualizar seus dados e aquelas que forem beneficiadas pelo Bolsa Família podem ter seu benefício bloqueado ou cancelado, caso não faça sua atualização. A atualização é uma das formas de verificar a idoneidade das informações declaradas pela família no ato da inscrição no Cadastro.

Com relação ao Bolsa Família, o MDS envia sistematicamente, para cada município, a listagem de famílias com possíveis irregularidades no Cadastro Único. Outra forma de fiscalizar os beneficiários é através de denúncias da própria população. Em ambos os casos, a Semas verifica a situação de cada família.

Comprovada a irregularidade, a Secretaria comunica ao MDS que é responsável por bloquear ou cancelar o Bolsa Família, de acordo com cada situação. Além disso, a Semas pode acionar o Ministério Público Federal se identificadas irregularidades não por dados desatualizados, mas por declarações inverídicas.

Sobre a denúncia de que Adriana Lúcia Bezerra de Alencar teria recebido o Bolsa Família, veiculada no Diário do Nordeste e no jornal O POVO, a Semas informa que:
 
- foi constatada a inscrição no Cadastro Único, em 08 de junho de 2007, da família da referida senhora, que declarou possuir renda per capita de R$ 139,00.

- que de 07 de outubro de 2009 a 12 de novembro de 2010, esta senhora recebeu R$ 32,00 mensais, como beneficiária do Programa Bolsa Família.

- que em 12 de novembro de 2010, teve o benefício bloqueado e, posteriormente, cancelado em 01 de fevereiro de 2011.

A Semas informa também que está reunindo documentação sobre o atendimento do Cadastro Único da referida senhora para acionar o Ministério Público Federal. Procedimento padrão realizado nos casos de comprovação de denúncias de irregularidades no Bolsa Família.

Por fim, a Secretaria ressalta que qualquer pessoa pode denunciar casos de irregularidades no Bolsa Família. Para isso, pode procurar uma das 32 unidades sociais que possuem atendimento do Cadastro Único ou ainda telefonar para a Ouvidoria da Semas: 3105-3426.”

e tOm Mé RaDioLa


GABY AMARANTOS


domingo, 26 de agosto de 2012

"Canção pra Inglês ver"

Para Lais, Norminha e Ivê

"Canção pra Inglês Ver", de Lamartine Babo com o próprio (1931)


"Canção pra Inglês Ver", de Lamartine Babo com Afrodite Se Quiser, num clipe da TV Manchete de 1989. O Afrodite Se Quiser era um grupo formado por Emilinha, Patricia Maranhão e Karla Sabah.

"Canção pra Inglês ver"

Ai loviu
Forguétisclaine maini itapiru
Forguestifaive anderu dai xeu
No bonde silva manuel, manuel, manuel

Ai loviu
Tu revi istiven via catumbai
Independence la do paraguai
Estudibeiquer jaceguai

Ies mai glass, ies mai glass
Salada de alface
Flay tox mail til
Istandar oiu, forguet not mi, oi

Ai loviu
Abacaxi uisqui of chuchu
Malacacheta independence dei
No istriti flexi me estrepei

Elixir de inhame, elixir de inhame
Reclame de andaime, reclame de andaime
Mon paris jet'aime, sorvete de creme
Mai guerli gudi naiti, oi

Duble faiti
Isso parece uma canção do oeste
Coisas horríveis lá do faroeste
Do tomas veiga com manteiga

Mai sanduíche
Eu nunca fui paulo istrish
Meu nome é laska di clau
Jone felipe canar

Laiti andipauer companhia limitada iu
Zê boi iscoti avequi boi zebu
Lawrence tíbeti com feijão tutu
Trem da cozinha não é trem azul

Mai sanduíche
Eu nunca fui paulo istrish
Meu nome é laska di clau
Jone felipe canar

Laiti andipauer companhia limitada iu
Zê boi iscoti avequi boi zebu
Lawrence tíbeti com feijão tutu
Trem da cozinha não é trem azul

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Bela Capa do Diário de Pernambuco

Capa do Diário de Pernambuco - 23 de agosto de 2012


UM VELHO CASO

Por Sírio Possenti


Estava bisbilhotando jornais quando me deparei com o anúncio da reedição de livros de Ana Maria Machado. São obras que se valem da estrutura de contos de fadas para dar recados “novos” a leitores infantis ou adolescentes, diz a matéria. A autora diz que sugere nesses livros comportamentos que também sugeria a seus filhos, do tipo “não precisa fazer certas a coisas só porque os outros acham certo” etc., mesmo que sejam pais e professores.

Ao pé da reportagem, dois trechos. Em um deles se lê que “(…na biblioteca) tinha um monte de livros e computador com acesso à internet”. Em outro trecho, que “havia fotos do príncipe bocejando e artigos falando mal dele”.

Decidi comentar de novo essa dupla de verbos (ter / haver). Seu tratamento “escolar” é um sintoma de como se trata a língua, mais especificamente a questão de sua mudança no decorrer da história.

Se Ana Maria Machado usa “ter”, como no exemplo, por que um estudante não pode usar ou por que deve assinalar como correta as alternativas com “haver” e como erradas as estruturas com “ter”? Só porque está escrito num livro meio besta e desatualizado?

Dei uma olhada em alguns livros desses que fornecem regras, para ver o que diziam sobre o caso. Sacconi (Não erre mais) diz que “ter” substitui “haver” de forma espontânea na língua falada. Na escrita, convém usar “haver”. Não manda, mas não libera. Quem elabora provas ou corrige textos com base nessa teoria, assinala mais erros do que devia.

Em vez de a divisão ser língua escrita ou falada, um critério melhor é dividir entre textos mais informais e mais formais (de fato, “haver” é muuuuito formal).

O Manual de redação e estilo do Estadão é mais rigoroso. “Haver” é que significa existir, e não “ter”, diz a regra (são erradas frases como “Hoje tem Palmeiras x São Paulo”).

Deveríamos nos convencer que o que o manual do Estadão está errado. O sentido das palavras é o que ele tem nos discursos reais. Quem é que não acha que o sentido de “haver” e de “ter” é o mesmo em “tinha muita gente” e “havia muita gente”?

Quem quer defender uma forma antiga deve usar argumentos que não sejam baseados no sentido, mas em opções de estilo. Até porque uma consulta mínima a qualquer fonte razoável mostra que “haver” já teve o sentido de “ter”, isto é, de “possuir”, de “ter posses”. Com o tempo, perdeu esta acepção e passou a função apresentacional, que, atualmente, é assumida em grande medida pelo verbo “ter”. “Haver”, hoje, é um auxiliar. Também é pouco empregado nessa função.

Aliás, a questão das análises erradas é uma verdadeira praga. Em O Português do dia-a-dia (escrevia-se assim quando o livro foi publicado), Sérgio Duarte Nogueira,  diz que “ter” no sentido de “existir” é aceitável em textos menos formais (é aceitável ou ocorre com bastante frequência?) e outras banalidades sobre “haver”, afirma que “haviam”, “houveram” e “haverão” são formas corretas quando usadas em casos em que o verbo não é sinônimo de “existir” ou de “ocorrer”. Os exemplos: “Os sindicalistas haviam aceitado a proposta”, “eles haverão de conseguir a medalha”. Mas, na verdade, nesses casos, “haver” é auxiliar. Era o que ele deveria ter explicado.

A dica de Ana Maria Machado deveria valer nesse caso: usar o verbo que queremos…

Aliás, é o que ela mesma fez (também usou “haver”, pois é óbvio que este verbo não deve ser proibido…), e o que fizeram Drummond (Tinha uma pedra no meio do caminho) e Chico (Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu).

http://terramagazine.terra.com.br/blogdosirio/blog/2012/08/23/um-velho-caso/

EUA já têm acusação pronta contra Assange, revela vazamento do Wikileaks


O Wikileaks teve acesso em janeiro do ano passado à caixa de e-mails do vice-presidente da companhia de métodos de espionagem Stratfor e encontrou mensagens que comprovam que os Estados Unidos possuem "uma acusação selada contra Julian Assange".
De acordo com o jornal espanhol Público, o executivo Fred Burton refere-se a Assange em diversos momentos como “babaca” e garante que armazenou todas as publicações do Wikileaks em seus servidores para usá-las em favor da empresa.
Em uma troca de e-mails datada de 26 de janeiro deste ano, Burton reconhece que a justiça norte-americana havia emitido há um mês uma ordem secreta de prisão contra Assange por práticas de espionagem.

Em outras mensagens obtidas pelo Wikileaks e divulgadas pelo Público, é o analista tático Sean Noonan quem atesta os esforços de seu país pela prisão de Assange.
Em uma delas ele se questiona quanto à rapidez com que a Interpol (Polícia Internacional) ordenou a detenção do jornalista. Para Noonan, “as questões de crimes sexuais raramente geram alertas especiais da Interpol”, o que “não deixa dúvidas de que se tenta impedir a publicação dos documentos do governo pelo Wikileaks".
Um dia antes, Chris Farnham, membro da Stratfor na China, diz possuir um amigo próximo da família de uma das jovens que denunciou Assange por estupro. Essa fonte teria assegurado a Farnham que "não há absolutamente nada por trás a não ser procura dos fiscais por um nome”.
Antes do vazamento
Antes mesmo do vazamento dos documentos diplomáticos, Assange já era procurado pela Stratfor. Em junho de 2010, o especialista em segurança Shane Harris entra em contato com Fred Burton para avisar que Assange organizaria uma conferência em Las Vegas e ressalta que "nosso pessoal poderia detê-lo pela suspeita de seu envolvimento com os vazamentos".
"Como estrangeiro, poderíamos revogar seu estatus de turista e deportá-lo. Poderíamos ter uma acusação selada e prendê-lo. Depende do quão avançado é este caso militar", respondeu Burton na ocasião, referindo-se ao processo contra o soldado Bradley Manning, o responsável pelo vazamento de dados da missão norte-americana do Iraque e no Afeganistão. Assange cancelou essa viagem por questões de segurança.
"Descobrir quem são seus cúmplices também é chave. Checar quais trapaceiros infelizes existem dentro do grupo e fora. É preciso levá-lo de um país a outro para que seja obrigado a se defender de acusações pelos próximos 25 anos. Tomar dele tudo o que ele e sua família têm”, chegou a defender Burton.
Antes de ocupar seu cargo atual, Burton foi o responsável pelo departamento de prevenção de práticas terroristas do serviço de segurança diplomática do Departamento de Estado dos Estados Unidos. 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

EUTERPE E BACO (2)

Por Marcus Vinicius

EUTERPE & BACO

Euterpe - filha de Zeus,o rei dos deuses, e de Mnemosine, era a deusa da música e da poesia lírica. Dizem que foi ela quem inventou a flauta e outros instrumentos de sopro.

Baco – era filho do deus olímpico Júpiter e da mortal Sêmele. Deus do vinho e da folia, representava seu poder embriagador, suas influências benéficas e sociais. Promotor da civilização, legislador e amante da paz. Dionísio é seu equivalente grego.

A feliz união entre Euterpe e Baco é o mote para darmos vazão ao espírito inquieto que nosso corpo aprisiona. Coisas antigas, música e poesia, facilitando processos, encontros, reencontros, conhecimentos, enfim... Uma palestra (um bom papo) regada(o) a vinho, uísque, cerveja e música.
Em Agosto o convidado foi o Físico, Professor Universitário e boêmio
Flávio Torres.

O tema - NOEL ROSA

O palestrante Flávio Torres e o violonista Vinicius




 
























Uma fita cassete - Marvioli 8va fita

A fita cassete apresenta músicas de Kiko Dinucci.


http://kikodinucci.com.br/

SAMBA DOS ANIMAIS


Por Marcus Vinicius

Corre na internet um "textículo",tão bonitinho e sensível, que nos remete a ancestralidade. Fala de herança genética e do nosso parentesco (famíliar) com árvores, animais, insetos e da necessidade de defendê-las. Mas, o engraçado é que o texto não cita as baratas (seriam elas, a parte da família que a gente esconde?). E, omite "pecados" (Oh! Nossa formação judaico-cristã) como o incesto, afinal nós comemos literalmente e diariamente nossos primos e primas (plantas, animais...). Mas...enfim...viemos todos do mesmo buraco...

Abaixo, Lulu canta de Mautner, o Samba dos Animais


terça-feira, 21 de agosto de 2012

Só o "mensalão" acabou na justiça

Via Tiago Porto

Suprema humilhação

Por Leandro Fortes

O destempero de Joaquim Barbosa, o histórico de Gilmar Mendes, a pressa para Cézar Peluso poder votar, a omissão de todos os demais – tudo isso contribui para que o Brasil assista, atônito, o festival de vaidade e loucura que se instalou no STF a partir do julgamento do “mensalão”.

A decisão de “fatiar” o julgamento, tomada sem base legal alguma, a partir do voluntarismo do ministro relator e também para se adequar à sanha da mídia, levou os advogados a apresentar, agora de manhã(ontem 20/8), uma petição ao tribunal para que, enfim, se esclareça em que tipo de Estado de Direito estamos vivendo, afinal.

Já passou da hora de se rever os métodos de indicação e permanência dos ministros do STF, muitos dos quais indicados apenas por questões políticas, boa parte sem o conhecimento jurídico e a capacidade formal para atuar como juíz.



O dia em que fui “desconvidado” do Roda Viva


Por Lino Bocchini
O e-mail que oficializou o convite na sexta-feira, feito primeiro por telefone
.
Na última sexta-feira (17/08) recebi um convite pra ser um dos entrevistadores de Diogo Mainardi, na bancada do Roda Viva. O convite foi feito por telefone, e formalizado por e-mail. A produção do Roda Viva pegou meu endereço e enviou o livro que o ex-colunista de Veja iria lançar – “A Queda”, sua primeira obra após “Lula É Minha Anta”. Aceitei, e meu nome começou a ser divulgado na própria sexta-feira, tanto no site da TV Cultura como em releases para a imprensa. Tinha também um carro marcado para me pegar no trabalho e me levar ao programa. No final da manhã de segunda-feira, a mesma produtora que havia acertado tudo me liga dizendo que minha participação havia sido “cancelada”.
O envelope com o livro chegou sexta. E com meu nome escrito errado
Sua alegação era que “tinha um entrevistado a mais”, e eu fui cortado. Como ela não conseguiu dizer o que havia acontecido, peço pra falar com outra pessoa que possa me explicar a razão do veto. Em poucos minutos me liga o apresentador do programa e ex-diretor de redação da Veja, Mario Sergio Conti. Ele confirma que, sim, eu estava cortado da bancada. Pede desculpas e diz que, quem sabe, “em outra ocasião”, eu possa voltar a ser convidado. Repete a justificativa de que tinham que ser 5 entrevistados, mas que tinham 6 confirmados. Argumento que no release divulgado desde sexta-feira pela própria TV Cultura tinham apenas 5 pessoas. “Ah, mas tem também a Joyce Pascowitch, que entrou de última hora”. Se foi isso mesmo, porque justo eu fui cortado? “Pra dar mais diversidade ao programa”, responde Mario. Ainda argumento que, se o critério era dar mais diversidade, na bancada tinham dois jornalistas com o mesmo perfil: da área de cultura de grandes jornais do Estado. Ele desconversa, e diz que a Joyce era “mais adequada”. Agradeço e me despeço dizendo que a prerrogativa de escolher quem vai ou não é dele. Não fazia sentido discutirmos.
E-mail também de sexta, confirmando o envio do livro e o agendamento do carro.
.
Volta no tempo: estou sendo processado pela Folha, que há dois anos mantém sob censura meu antigo site Falha de S. Paulo, que eu fazia com meu irmão. Estão me pedindo dinheiro a título de indenização por “danos morais”; O dono da empresa, Otávio Frias Filho, já assinou uma carta com ataques à minha pessoa, quando recusou-se a ir a Brasília, numa audiência pública sobre o caso de censura, ocasião em que 20 deputados federais de 10 partidos diferentes reprovaram a atitude anti-democrática da Folha; Esse ataque inédito do jornal contra um blog independente foi condenado porAssange e pela organização Repórteres sem Fronteiras, entre tantos outros. E a direção do veículo, digamos, não reagiu muito bem a essa reprovação global; além disso, um jornalista da Barão de Limeira estaria na bancada. E a TV Cultura deu meia hora de seu horário nobre de domingo para o TV Folha.
Mais: na entrevista ficou claro o desprezo que Mainardi tem pela internet e seus usuários. Disse que na rede “só tem otários”, e reclamou que “agora os leitores que antes só mandavam cartinhas mal escritas agora têm voz”.
.
O release com meu nome ficou 3 dias no site da TV Cultura. E eram 5 entrevistadores, como Mario disse que tinha que ser. Após o corte, trocaram meu nome pelo da Joyce
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Não faço idéia de quem vetou meu nome na entrevista, e prefiro não arriscar um eventual motivo. Melhor deixar pra cada um tirar suas próprias conclusões.

O ativismo pop do sr. Vazamento


Por Natália Viana

Até a noite de quarta-feira (15/8), eram poucos os policiais que vigiavam a entrada da embaixada equatoriana em Londres. Passavam parte do turno apoiados no balcão da recepção, batendo papo com um simpático equatoriano gorducho que recebe as frequentes visitas. Onde quer que Julian Assange esteja vivendo, sabe-se que haverá um constante entra e sai de amigos, jornalistas, advogados, ciberativistas. Haverá um pequeno grupo de apoiadores segurando cartazes e tocando um mau violão. E, vez ou outra, uma turba de repórteres atrás da última notícia sobre o WikiLeaks e seu fundador.

Naquele sábado de julho, semanas depois de Assange ter pedido asilo na embaixada do Equador fugindo dos olhares dos policiais, o recepcionista respondeu animado minha saudação: “Como está tudo por aqui?” “Muito bom, muito bom!”

Lá dentro, uma jovem morena de braços tatuados me acompanhou. Passando pela recepção, onde uma foto de Rafael Correa com a faixa presidencial recebe os visitantes, há um longo e branco corredor; ao fundo dele, no escritório modesto, espalha-se uma balbúrdia de cartões de congratulações coloridos. A janela está sempre coberta pelas cortinas brancas – afinal, lá dentro vive um dos homens mais vigiados da Grã Bretanha. Que invariavelmente está sentado à mesa de madeira, mergulhado no seu laptop, entretido em uma quantidade inacreditável de dilemas éticos, jornalísticos, jurídicos.

Negócios de empresas europeias com a Síria

Na sua voz forte, Assange quase sempre é categórico: existe o certo, e o errado. “Só havia uma decisão à qual a Corte Suprema Britânica poderia ter chegado”, me disse naquela tarde. A Corte decidira enviá-lo para a Suécia, onde um promotor pede sua extradição para ser interrogado sobre acusações de crimes sexuais. Para Assange e seus advogados, um promotor não pode ser considerado autoridade judicial, segundo as leis britânicas. “Eles então usaram uma convenção que nem foi discutida no julgamento para embasar a decisão. E é mentira.”

Foi com plena convicção de que se tratava de uma mentira, e de que o processo tinha sérias falhas legais, que o alvíssimo australiano tocou a campainha da embaixada equatoriana no dia 19 de junho e não saiu mais. Surpreendeu a Justiça britânica e sueca, toda a população do Equador, a imprensa internacional, a Interpol. E seus amigos mais próximos. “Fiquei impressionado quando soube”, disse o jornalista americano Gavin MacFadyen. “Ele decidiu não avisar ninguém, nem mesmo os que deram dinheiro para sua fiança. Se alguém mais soubesse, poderia ser responsabilizado legalmente.”

Nos dias seguintes, parte da equipe do WikiLeaks já se reunia na embaixada, retomando o ritmo de trabalho – a organização jamais teve uma sede. Ali, continuou produzindo vazamentos saborosos. Em 5 de julho, começou a publicar os Arquivos da Síria, mais de 2 milhões de e-mails internos do governo sírio. A partir deles, jornais do Líbano, Egito, Alemanha e Itália, além da agência americana Associated Press, revelaram negócios de empresas europeias com o regime amplamente criticado pelo massacre de oposicionistas.

“Uma pessoa impossível”

Não deu nem três semanas e a organização realizou uma elaborada ação virtual – uma “pegadinha” – ao colocar no ar um site falso do jornal The New York Times no qual um suposto artigo do editor Bill Keller, crítico voraz de Assange, pedia desculpas pelas rusgas passadas. O estilo era tão convincente que o próprio New York Times tuitou. A farsa gerou confusão, bate-boca virtual e críticas – afinal, afirmou um jornalista, não pega bem para uma organização que publica documentos verdadeiros falsificar um artigo. Assange&Co. – como assinaram no Twitter – nem ligaram. A ação visava a criticar o silêncio do New York Times sobre o bloqueio econômico realizado pelas empresas PayPal, Visa e Mastercard, que suspenderam serviços de doações ao site. “Isso sim não é brincadeira”, tuitaram.

Mesmo com bom humor, a perspectiva é que a saga de Assange se arraste por muitos meses. Na calçada, diante da janela acortinada, segue a postos a turba de fotógrafos e de apoiadores com seus cartazes – muitos deles instalados desde que o Reino Unido decuplicou a quantidade de policiais na vigília após ameaçar, por carta, evocar uma lei de 1987 para suspender o status diplomático da embaixada e prender Assange ali mesmo. “O Reino Unido não reconhece o princípio do asilo diplomático”, declarou depois o ministro do Exterior britânico, William Hague. Em anos recentes, foram poucas as ocasiões em que um chanceler do Reino Unido perdeu as estribeiras dessa maneira. Afinal, contestar um tratado de peso, como a Convenção de Viena, não soa nada britânico.

É essa talvez a principal qualidade do hacker, ativista, jornalista e provocador por excelência. Mesmo enclausurado em um pequeno escritório, em prisão domiciliar há mais de ano e meio, Assange insiste em fazer o que faz melhor: desnudar o cinismo das versões oficiais. “Assange é uma pessoa impossível”, reclamou certa vez um renomado jornalista britânico.
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed708_o_ativismo_pop_do_sr_vazamento

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A democracia e seus perseguidos

por Vladimir Safátle

O governo do Equador deu asilo ao fundador do WikiLeaks, Julian Assange. O Reino Unido, com seu conhecido respeito seletivo pela legislação internacional, desenterrou uma lei bisonha para afirmar que poderia invadir a embaixada do país latino-americano, a fim de capturar seu inimigo público. Até onde consigo lembrar, esta será a primeira vez que uma embaixada é invadida pela polícia do país no qual ela está situada. Nem mesmo em ditaduras algo parecido ocorreu.
Foto: Will Oliver / AFP
Há de se perguntar se todo esse zelo do Reino Unido pelo cumprimento de um pedido de extradição feito pela Suécia vem realmente do amor à lei. Ou será que devemos dizer que Assange é o protótipo claro de um perseguido político pela democracia liberal?

Alguns tendem a defender a posição dos governos britânico e sueco com o argumento de que, enfim, ninguém está acima da lei. Independentemente do que Assange represente, isso não lhe daria direito de “estuprar” duas garotas. É verdade que a definição de estupro pela legislação sueca é mais flexível do que a habitual. Ela engloba imagens como: um homem e uma mulher que estão na cama de comum acordo, sem nenhum tipo de coerção, mas que, em um dado momento, veem a situação modificada pelo fato de a garota dizer “não” e mesmo assim ser, de alguma forma, forçada.

Vale a pena lembrar que tal definição é juridicamente tão complicada que, quando a acusação contra Assange foi apresentada pela primeira vez à Justiça sueca, ela foi recusada por uma magistrada que entendeu ser muito difícil provar a veracidade da descrição. A acusação só foi aceita quando reapresentada uma segunda vez, não por acaso logo depois de o WikiLeaks começar a divulgar telegramas comprometedores da diplomacia internacional.

Mas não faltaram aqueles de bom coração que perguntaram: se a acusação é tão difícil de ser provada, então por que Assange não vai à Suécia e se defende? Porque a Suécia pode aceitar um pedido de extradição para os EUA, onde ele seria julgado por crime de espionagem e divulgação de segredos de Estado, o que lhe poderia valer até a pena de morte. Não seria a primeira vez que alguém enfrentaria a cadeira elétrica por “crimes” dessa natureza.

Nesse sentido, é possível montar um quebra-cabeça no qual descobrimos a imagem de uma verdadeira perseguição política. Persegue-se atualmente não de uma maneira explícita, mas utilizando algum tipo de acusação que visa desqualificar moralmente o perseguido. Assange não estaria sendo caçado por ter inaugurado um mundo onde nenhum segredo de Estado está seguramente distante da esfera da opinião pública. Um mundo de transparência radical, no qual os interesses inconfessáveis do poder são sistematicamente abertos. Ele estaria sendo caçado por ser um maníaco sexual. Seu problema não seria político, mas moral.

Desde há muito é assim que a democracia liberal tenta esconder seu totalitarismo. Ela procura desmoralizar seus perseguidos, isso em vez de simplesmente dar conta das questões que tais pessoas colocam. No caso de Assange, ele apenas colocou em prática dois princípios que todo político liberal diz respeitar: transparência e honestidade. Mostrar tudo o que se faz.

Sua perseguição evidencia como vivemos em um mundo em que todos sabem que os governos não fazem, na política internacional, aquilo que dizem. Há um acordo tácito a respeito desse cinismo. Mas, quando essa contradição é exposta de maneira absoluta, então ela torna-se insuportável.

Lembrem, por exemplo, das razões aventadas pelos governos dos países centrais para a não publicação dos telegramas: eles colocariam em risco a vida de funcionários e diplomatas. Na verdade, eles só colocaram em risco o emprego de analistas desastrados, ditadores como o tunisiano Ben-Ali (que teve seus casos de corrupção divulgados) e negociadores de paz mal-intencionados. Por isso, a boa questão é: o mundo seria melhor ou pior com pessoas dispostas a fazer o que Julian Assange fez?

Por fim, vale dizer que aqueles que realmente se interessam por uma mídia livre precisam saudar a decisão do governo equatoriano. A mídia mundial não tem direito à ambiguidade neste caso. Nunca a liberdade de imprensa esteve tão ameaçada quanto agora, diante do problema do WikiLeaks. Pois o site de Assange é o modelo de um novo regime de divulgação de informações e de pressão contra os Estados. Ele é a aplicação da cultura hacker na revitalização do papel da mídia como quarto poder.

Assange pede que EUA parem com ‘caça às bruxas’ e agradece ao Equador

LONDRES (AFP) – Em sua primeira aparição pública desde março, Julian Assange, refugiado há dois meses na embaixada equatoriana em Londres, pediu aos Estados Unidos que parem com a ‘caça às bruxas’ contra o WikiLeaks e agradeceu ao Equador por sua “coragem”.


O fundador do WikiLeaks, vestido de forma elegante, pronunciou um discurso a partir da sacada da embaixada. Foto: AFP

O fundador do WikiLeaks, vestido de forma elegante, pronunciou um discurso a partir da sacada da embaixada, onde se refugiou no dia 19 de junho, pouco acima das cabeças dos policiais britânicos que querem detê-lo. Se colocasse um pé para fora da legação, correria o risco de ser preso.

“Peço ao presidente (Barack) Obama que faça o certo, os Estados Unidos devem renunciar a sua caça às bruxas contra o WikiLeaks”, afirmou o australiano, de 41 anos.

Assange aproveitou para agradecer ao presidente equatoriano, Rafael Correa, “pela valentia que demonstrou por levar em consideração e me conceder asilo político”. Também teve palavras de agradecimento aos seus simpatizantes.


Minutos antes, seu advogado de defesa, o ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, havia dito que Assange está com espírito “combativo” e havia lhe pedido “que recorra à justiça para proteger os direitos do WikiLeaks, os seus próprios e os de todas as pessoas que são alvo de uma investigação”.

Estas declarações demonstram que o australiano não tem a intenção de se render.

Para poder sair da embaixada e viajar ao Equador, Assange precisa de um salvo-conduto das autoridades britânicas, que já anunciaram que não o fornecerão.

Neste domingo, Garzón especificou que entrará com uma ação judicial sobre “diferentes pontos, em diferentes países, tanto sobre a situação financeira do WikiLeaks, os bloqueios injustificados que foram feito, assim como para reivindicar a concessão de um salvo-conduto”.


Em frente à embaixada equatoriana havia cerca de 50 simpatizantes de Assange. Foto: AFP

A Suécia requer Assange por um suposto caso de agressão sexual e estupro, que ele nega. O australiano teme que o fato seja utilizado como desculpa para extraditá-lo aos Estados Unidos, para que responda por acusações de espionagem devido à divulgação em 2010 pelo WikiLeaks de centenas de milhares de documentos diplomáticos americanos.

O número 2 do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, assegurou neste domingo em declarações à AFP que se a Suécia se comprometesse a não extraditá-lo aos Estados Unidos, seria uma “boa base para negociar” uma saída pra Assange.

“Seria uma boa base para negociar, uma maneira de encerrar este assunto, se as autoridades suecas declarassem sem nenhuma reserva que Julian (Assange) nunca será extraditado da Suécia aos Estados Unidos”, indicou o porta-voz.

“Posso assegurar que ele (Assange) quer responder às perguntas do promotor sueco há muito tempo, há quase dois anos”, acrescentou Hrafnsson.

A Suécia reagiu rapidamente: “O suspeito não tem o privilégio de ditar suas condições”. “Se o WikiLeaks quer dar uma mensagem deste tipo, deve fazê-lo conosco diretamente, de maneira convencional”, disse um porta-voz do ministério das Relações Exteriores.

“No estado atual das coisas, não podemos dizer o que vamos fazer”, sustentou, embora tenha assegurado que “não extraditamos ninguém que corre o risco de (ser condenado à) pena de morte”.

Em frente à embaixada equatoriana havia cerca de 50 simpatizantes de Assange, alguns com as máscaras do movimento Anonymous, cantando e gritando slogans contra as autoridades britânicas.

Meia centena de policiais protegia o edifício, perante o qual cerca de 300 jornalistas aguardavam.

No sábado em Guayaquil (Equador), os chanceleres e representantes de Estados da Alba, grupo integrado, entre outros, por Cuba, Venezuela e Nicarágua, apoiaram o governo de Correa, que denunciou que o Reino Unido ameaçou entrar em sua embaixada em Londres para deter Assange.

Também em Guayaquil está prevista neste domingo uma reunião de ministros das Relações Exteriores da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), enquanto a Organização dos Estados Americanos (OEA) convocou uma reunião para o dia 24 de agosto em Washington


http://www.cartacapital.com.br/internacional/assange-pede-que-eua-parem-com-caca-as-bruxas-e-agradece-ao-equador/

Workshop


domingo, 19 de agosto de 2012

EUTERPE E BACO (1)

Por Marcus Vinicius


EUTERPE & BACO

Euterpe - filha de Zeus,o rei dos deuses, e de Mnemosine, era a deusa da música e da poesia lírica. Dizem que foi ela quem inventou a flauta e outros instrumentos de sopro.

Baco – era filho do deus olímpico Júpiter e da mortal Sêmele. Deus do vinho e da folia, representava seu poder embriagador, suas influências benéficas e sociais. Promotor da civilização, legislador e amante da paz. Dionísio é seu equivalente grego.

A feliz união entre Euterpe e Baco é o mote para darmos vazão ao espírito inquieto que nosso corpo aprisiona. Coisas antigas, música e poesia, facilitando processos, encontros, reencontros, conhecimentos, enfim... Uma palestra (um bom papo) regada(o) a vinho, uísque, cerveja e música.

Em Julho o convidado foi o Jornalista, cantor, sambista e zitolibador Felipe Araújo.

O tema - Samba de partido alto


O palestrante - Felipe Araújo