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sexta-feira, 31 de maio de 2013

As vitrolas não querem calar

Do blog AIDENTU

Cafofo do Marvioli
A paixão pelos velhos bolachões voltou à moda. Um grupo local de colecionadores resiste às modernas tecnologias e cria um clube de apreciadores dos vinis e das agulhas.

“The times they are a-changin’ ”(os tempos estão mudando) já antecipava Bob Dylan em seu terceiro disco no distante ano de 1964. Apesar de toda tecnologia criada até hoje, um grupo de resistentes ignora os icônicos iPods e iPhones, febres no consumo de conteúdo digital cuja loja, a iTunes Store, já contabiliza mais de 25 bilhões de músicas vendidas.

Até meados da década de 90 os vinis reinaram absolutos. A tecnologia do compact disc (CD) havia sido criada com a promessa de qualidade digital, sem chiados ou quaisquer distorções. A migração do formato LP para o CD ocorreu em massa. As fábricas de vinis praticamente faliram ou mudaram suas prensas para os novos disco lasers. A produção de equipamentos para os bolachões foi decaindo, porém, audiófilos e nostálgicos mantêm aquecido um mercado que volta a crescer. Nas lojas de LP usados vários itens são disputados como um troféu, os valores variam entre 1 até exorbitantes 5 mil reais. Tudo regido pela paixão e pela lei da oferta e da procura. Os equipamentos leitores de vinil, as vitrolas ou radiolas, também passaram por uma alta valorização, com preços variando entre 200 a 600 reais.

Marcus Vinícius de Oliveira, 57 anos, agrônomo, é possuidor de uma coleção que alcança a marca de 1.500 discos, todos estes organizados de acordo com o cantor e o estilo. Coleciona também cds, mas ao receber os amigos em casa prefere que estes escolham um bom vinil da prateleira, deixando-os a vontade no comando de sua radiola Gradiente que trabalha com 33, 45 e 78 rotações. A agulha sempre limpa cria uma catarse, conduzida pela música que preenche o ambiente e é brindada com goles do uísque preferido. “Apreciar o disco é interpretar a capa, perceber todos os detalhes e poder se deleitar com os dois lados, ouvindo as músicas sem ter pressa para trocar”. A coleção de fato chama atenção tamanha variedade e raridade de algumas peças.

Marcus acredita na superioridade técnica do vinil, afinal, o CD usa um formato de compressão do áudio que suprime determinados detalhes tidos como inaudíveis pelo ouvido médio humano e não reproduzíveis pelos equipamentos regulares. Apenas um audiófilo, com o ouvido bem treinado e um equipamento de alta fidelidade, pode perceber as diferenças. Porém aqui vale a experiência lúdica de ir ao centro, procurar o LP que interessa nos sebos, negociar com o dono e voltar com o prêmio para casa, já pensando no dia em que convidará os amigos para o sarau de audição do vinil. Essa experiência no formato digital ficou perdida, é muito fácil dispersar-se com uma coletânea de 3 mil arquivos mp3, extensão popular de áudio digital utilizada nos computadores e tocadores de música digital.

O Kukukaya, famosa casa de shows em Fortaleza, promoveu neste sábado, 19 de maio, a 2ª Feira do Vinil, onde os apaixonados pelos bolachões puderam comprar, vender, trocar e principalmente conhecer outros amantes do “ouro negro”. A feira é organizada pelo DJ Alan Morais, DJ residente do Boteco do Arlindo, e tem por missão criar uma agenda fixa para reunir antigos e novos aficionados. Além disso houve a exposição de lojistas com LPs e radiolas. O que o futuro promete para a indústria fonográfica ainda não está claro, mas os vinis sempre terão uma legião de adoradores que nunca os esquecerão.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Ponte sobre o parque do Cocó

por  Isadora de Lima Branco*
                                       
"O projeto da ponte estaiada, lançado na Assembleia Legislativa do Ceará no dia 3 de abril de 2013, consiste em uma tentativa inadequada de expandir a malha viária da cidade de Fortaleza. Pois, apesar de encantar a vista, o projeto representa, disfarçadamente, a grande vitória da especulação imobiliária sobre a nossa consciência ambiental.
A ponte seria construída sobre uma região relevante do Parque do Cocó e ligaria a Cidade 2000 ao Centro de Eventos do Ceará. De forma que traria um grande prejuízo ao ecossistema do Cocó, única área verde representativa da nossa cidade, pois cerca de 9 hectares dessa área seriam prejudicados.
Visto que, no momento, o Estado do Ceará deveria ter outras prioridades como a amenização do problema da seca, o gasto de, no mínimo, 380 milhões de reais com esse projeto revela-se incoerente para a população local.

Clamemos pela preservação do que ainda resta da nossa cultura, da nossa história, do nosso verde. Os jovens precisam ser ouvidos e a natureza também."

* discurso da estudante Isadora de Lima Branco, na audiência pública sobre a "Ponte sobre o rio Cocó", realizada na Assembleia Legislativa do Ceará por iniciativa da Deputada Eliane Novais.. 

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Os tribalistas em "Joga Arroz"

via Cynara Menezes


Joga Arroz
O seu juiz já falou
Que o coração não tem lei
Pode chegar
Pra celebrar
O casamento gay
Joga arroz
Joga arroz
Joga arroz
Em nós dois
Quem vai pegar o buquê
Quem vai pegar o buquê
Maria com Antonieta
Sansão com Bartolomeu
Dalila com Julieta
Alexandre com Romeu
Joga arroz
Joga arroz
Joga arroz
Em nós duas
Em nós todos
Em nós dois

terça-feira, 21 de maio de 2013

Para Adília Lopes, pelos seus 30 anos

Crônica - por Adelaide Ivánova*
Ilustração por Janio Santos
De trás da minha bancada no salão de depilação brasileira em Berlim eu vejo o mundo. E ele é como Adília Lopes disse: “uma bandeja de inox”. Ali, anotando os appointments, eu me sinto cuidando das minhas clientes e dos seus destinos — e fazendo o trabalho dele, uma vez que o destino às vezes é , e eu não, eu sempre sou legal. O salão não é meu, e as clientes tampouco são minhas, mas como toda empregada insolente, eu sinto como se fosse.

De trás da minha bancada eu leio Adília Lopes e grifo algumas coisas. E me acho importante, me acho uma recepcionista diferenciada. Gosto de pensar que eu e Adília, juntas, ajudamos aquelas pessoas a ajeitar a vida, ajeitar os encontros, pois sabemos que mesmo num mundo frio como uma bandeja de inox, ninguém se depila por higiene ou por si mesma — a gente se depila pro outro. Depilar é resolver “um problema estético”, para usar as palavras delas, Adília Lopes e Maria José.

Ah, sim, “delas”, porque Adília Lopes, razão deste meu texto (desculpa explicar assim tão claramente, é que bebi um pouco de vinho e não sei se me fiz entender e olha, já é o terceiro parágrafo, se não ficou claro até agora preciso consertar isto antes que chegue o quarto), se chama na verdade Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira. A Maria José nasceu em Lisboa, é taurina e cresceu cercada de velhos e criadas.

Maria José foi estudar física e teve um treco. Entender que o mundo dói doeu na Maria José, ela ficou besta — menina, olha o mundo, que coisa, não tem romance, o mundo gira e manda a física, não o físico. Maria ficou passada (eu ficaria também, ainda bem que não entendo nada), tão passada que teve um negócio. Foi parar no hospital, o médico a mandou parar de estudar, e lhe deram remédios, aqueles antidepressivos hediondos; Maria José era magra, ficou gorda. E assim, pariu Adília. Adília, diz a sua criadora, nasceu em 1983. É mais nova do que eu. Estudou letras e procura um namorado.

Para mim é fascinante que a pessoa comece a estudar Física e tenha um treco. Entender certas coisas — ou todas elas — estraga tudo, pois entender não implica aceitar.

Só a página de Adília no Wikipedia é em si um somatório de dramas. Nasceu Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira (eu sei, já falei), filha da Maria Adelaide. Primeira publicação: Anuário de poetas não publicados, 1984. Sofre de psicose esquizoafetiva. Como se não bastasse, é portuguesa. Tudo nela tem potencial para doer. Uma pessoa que intitula um livro de A pão e água de Colónia pode até ser normal, mas ficamos na torcida que não. E fica pior: Adília Lopes é in-encontrável, mesmo quando nos parece que tudo que ela quer é ser encontrada, mesmo tendo vinte e um (!) livros publicados.

Procurar por livros da autora foi decepcionante: nas livrarias brasileiras, há apenas a antologia da Cosac Naify. Nas portuguesas, só se encontram as obras completas, que custam 50 euros (preço proibitivo para uma recepcionista de salão de beleza como eu). Todos os outros trabalhos simplesmente pararam de ser editados. Não há chance. Quem tem, tem, quem não tem, que mude de emprego e compre as obras completas. Ah, o Google achou a biblioteca mais próxima da minha residência que tem uma das obras da autora. Fica em Hamburgo. Hamburgo está a 289km de distância. Ou seja: Adília está longe.

“Sou uma personagem

de ficção científica

escrevo para me casar”

Com isso entendi que a obra de Adília é como um namorado seu: imaginária. Onde anda o rapaz a quem ela, Maria José, dedica linhas e mais linhas? Por que ele não apareceu? Adília Lopes escreve na expectativa e se Kurt Cobain usava seu famoso amigo imaginário para aplacar a solidão, Adília usa o seu para confirmá-la. O namorado imaginário só existe porque o outro, real, nunca apareceu.

“Errei (pequei)

estou arrependida

(antes não fodida

que mal fodida)”

Essa confirmação, no entanto, não vem da aceitação. Da mesma forma como rejeitou as leis da física, Adília escreve não porque acolhe esse abandono, mas para conseguir acolhê-lo. Adília não protesta. Com papel e caneta (ela escreve à mão, eu li numa entrevista), ela mostra que não é o aceitar, mas o seu exercício que importa.

“Deus não me deu

um namorado

deu-me

o martírio branco

de não o ter”

Num mundo à prova de erro público, de personal shoppers e Photoshop, o que intriga nessa mulher é exatamente sua aparência ordinária, familiar. Adília Lopes é a encalhada clássica, aquela diante da qual nossa empatia fraqueja, quase como se o encalhamento fosse sua responsabilidade. Mas em Adília a figura trai a idéia: eis uma mulher de vida interna transbordante, com potencial para se misturar ao mundo, entendê-lo e explicá-lo e, mais ainda, generosamente descrevê-lo. Adília é pura empatia — diferentemente de todos nós e independentemente de sua aparência. E se tem alguém que merecia ser amada e admirada, ah Adília, esta és tu, e diante de ti eu fico com raiva que Selena Gomez seja feliz no amor.

“O taxista

que me leva

para casa

quer ser meu namorado

você deve ser uma moça porreira

e eu tristíssima gorda disforme

digo-lhe que não pode ser (...)”

Mas se engana quem pensa que nos alindamos para sermos amados. A gente se embeleza é para facilitar a vida do outro. É um ato de generosidade, pois se algo na carcaça está fora da ordem, e perdemos ou ganhamos peso, e a raiz do cabelo mostra uma cor que não condiz com a das pontas, as pessoas se inquietam, e nos fazem e se fazem perguntas (que nem sempre queremos responder). Por isso mantêm-se a higiene e a beleza: para manter a ordem mundial.

No caso de Adília, de preocupação sofremos muito mais nós do que ela, pois sua aparência é tão somente um retrato do seu desmantelo interior. Não há com que se preocupar. Está tudo errado, e dói, mas não temos nada que ver com isso. Livremos a Adília da expectativa de um cabelo Wellaton e de uma magreza que o antidepressivo tirou há muito tempo. Fica a escrita, e devíamos nos dar por satisfeitos.

* fotógrafa pernambucana residente em Berlim.

Ponte estaiada: faltou debate


Editorial O POVO

Audiência Pública realizada na Assembleia Legislativa, na sexta-feira última, teve como tema a ponte estaiada sobre o rio Cocó, projeto do governo do Estado, que tem o apoio da Prefeitura de Fortaleza, tendo a Câmara Municipal já aprovado o projeto de lei complementar que permite a sua construção.

Durante a audiência, o projeto recebeu críticas de representantes de entidades ligadas ao urbanismo, ao meio ambiente e à engenharia de tráfego. O principal argumento utilizado para justificar a obra – o desafogamento da avenida Washington Soares e adjacências – foi contestado por profissionais e entidades representativas do pensamento urbanístico, ambiental e de tráfego, dentre os quais o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-CE) e o Departamento de Engenharia de Trânsito da UFC, além de parlamentares.

Na ocasião, eles apontaram outras possibilidades - mais eficazes e mais baratas - sem comprometer ainda mais o ecossistema do Cocó. Para os urbanistas, existem alternativas como a construção de vias paralelas à Washington Soares, com o prolongamento da avenida coronel Miguel Dias, ou ligações entre as avenidas Atilano de Moura e Pontes Vieira/Virgílio Távora e entre a José Leon e Edilson Brasil Soares, de resultados que, segundo eles, seriam mais eficazes para a melhoria do tráfego.

Esses especialistas ainda lamentaram que a decisão tenha sido tomada sem que um debate mais amplo tivesse sido realizado com os vários atores sociais, atentando para a necessidade de se pensar a cidade a longo prazo, de modo a combinar as necessidades do presente com a previsão do que acontecerá em futuro próximo ou mais distante, pois tem de se pensar no usufruto urbano de agora, aliado ao bem-estar das gerações futuras.

Em situação dessa natureza, a Câmara Municipal deveria ter tido mais sensibilidade, de modo a cumprir o papel para o qual foi eleita, qual seja, o de servir de caixa de ressonância para as opiniões de fermentam na sociedade. Assim, o mínimo a se esperar do Legislativo Municipal seriam a promoção de audiências públicas, como fez a Assembleia Legislativa, e que fomentasse o debate, de modo que tanto aqueles que defendem o projeto como os que o criticam pudessem expor seus argumentos livremente, e em igualdade de condições.

GIL EM CUBA

Gil Sá*


Fiquei indignado logo que voltei com a noticia de uma reportagem na Veja denegrindo os médicos cubanos e dizendo que lá a medicina é atrasada e sem atualização tecnológica.
Vivi um experiência de excelência no atendimento médico e hospitalar que descrevo abaixo: 
Havana Velha


Chico Buarque tem razão quando diz que ir a Cuba é um processo de humanização. 

Uns “mojitos” a mais com boa música na noite anterior e um café da manhã às pressas me levou a uma “hipoglicemia” desencadeando uma                    “ fibrilação atrial” com “isquemia miocárdica”. Foi mais ou menos isso que eu entendi pelos médicos cubanos. 

Isso aconteceu em plena rua da Havana Velha as 
09 h de uma ensolarada manhã do dia 30 de abril. 

Paramédicos chegaram em minutos após atendimento  inicial de dois médicos amigos que estavam no passeio. Fui levado imediatamente para um posto de saúde (sem fila) e um atendimento de 1º mundo com médico e enfermeiros super atenciosos, com exames, eletrocardiograma e medicação específica, daí fui transferido para um Hospital para mais exames  e novamente uma excelência em atendimento numa unidade de observação com equipamentos moderníssimos e a presença de 4 médicos que me acompanharam durante toda a tarde até 20h, quando me liberaram após medicação e recomendações e a segurança de que eu estava bem.

Não foi preciso nem o cartão seguro saúde. Lamento o susto dado aos amigos o que deixou os médicos cubanos impressionados com a solidariedade do grupo de mais 20 amigos que estavam no passeio.

Agradeço a todos o apoio solidário e a certeza de que voltamos  de Cuba mais humanizados com tudo que vimos, sentimos e aprendemos


*Gil Sá esteve em Cuba no período de 23 de abril a 4 de maio de 2013. 

sábado, 11 de maio de 2013

"ainda bem que eu fui!"

Por Mateus Perdigão

Eu nunca fui fã do Paul McCartney. Nem dos Beatles. Conheço, claro, as músicas deles pois é difícil não conhecer. Sempre gostei mais do John Lennon, mais pelas atitudes do que pelas músicas em si. 

Eu não ia ao show do Paul, não me animei e nem tava sofrendo por causa disso. Estava, na verdade, com muita preguiça de ir, principalmente quando pensava que o acesso seria complicado e coisa e tal. 

Mas fui ao show.

E nem me dei ao trabalho de ir comprar o ingresso, compraram para mim. Mas fui pra ouvir aquelas mesmas músicas que a gente já está cansado de ouvir e outras que nem conhecia.

Foto Iana Soares

Voltei pensando "ainda bem que eu fui!".

Ainda bem que pude estar perto pra perceber que aquilo não era apenas um mega-evento onde meia dúzia de pessoas enchem o cu de grana (perdoem-me a expressão, mas não encontrei outra mais adequada) explorando o desejo e a boa vontade de quem quis estar lá naquela hora. Por um momento, quem foi lá pra assistir transformou aquilo em outra coisa, em uma comunhão de sentimentos em torno da música. E é tão forte que, mesmo no momento mais previsível, com a música mais clichê e piegas, é impossível não se emocionar. 

E é emocionante não só quando você percebe que tem um cara que fez história ali no palco. É emocionante quando você olha pro lado e vê jovens, idosos, homens, mulheres, gente daqui, gente de lá, todos batendo palmas e cantando "Na na na na". E a sensação de sentir-se parte daquele momento se torna muito mais importante do que a vaidade de dizer "eu fui".

Sinto essa comunhão de sentimentos, essa sensação de fazer parte da música com as rodas de samba e com o carnaval. Pra mim, o show do Paul McCartney foi um grande carnaval. Comportado, mas carnaval.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

A Imagem da semana

Audiência Pública sobre a Ponte sobre o Rio Cocó




Eleanor Rigby (Lennon/ McCartney) por Cristiano Pinho

via Bruno Perdigão

Ponte estaiada servirá para "enfeitar Centro de Eventos", diz petista

Por Bruno Pontes

A ponte estaiada sobre o rio Cocó será construída pela gestão Cid Gomes (PSB) para, segundo o vereador Deodato Ramalho (PT), “enfeitar o Centro de Eventos” e “abrir caminho para a ocupação de grande parte do Cocó”. Deodato foi secretário do Meio Ambiente na última gestão da ex-prefeita Luizianne Lins e atualmente é líder da bancada do PT na Câmara Municipal.



O petista pediu, na segunda-feira passada, ao Ministério Público Federal que proponha debate com representantes da Prefeitura sobre a obra, que segundo o vereador custará R$ 298 milhões.

Os petistas na Câmara Municipal voltaram a criticar o projeto, aprovado em 24 de abril após tramitar em regime de urgência. Por sua vez, o líder do prefeito, Evaldo Lima (PCdoB), salientou que a ponte faz parte das ações da Prefeitura para melhorar o trânsito na cidade.

Para Deodato, a emenda que criava uma via paisagística à margem da cerca do Parque do Cocó - e que acabou sendo vetada pelo prefeito Roberto Cláudio (PSB) - foi inserida no projeto para desviar a atenção dos parlamentares à ponte estaiada, a qual, conforme o petista, não trará grande benefício ao fluxo de veículos. “A ponte será perpendicular à avenida Washington Soares. Portanto, ela não é alternativa para desafogar o trânsito. Pelo contrário, abre espaço para jogar mais trânsito na avenida”.

Ocupação do Cocó
- Exibindo gráfico com detalhes da obra publicado no O POVO em 1º de maio (veja acima), Deodato disse que “o objetivo dela é abrir caminho para a ocupação de grande parte do Cocó. A ponte é única e exclusivamente para enfeitar o Centro de Eventos. Vai ligar a Cidade 2000 ao Centro de Eventos. Não há necessidade. A emenda era o bode na sala para a ponte passar”.

Em resposta, Evaldo Lima destacou que o Governo Federal vai investir dinheiro na construção da ponte. “Então me surpreende que a bancada petista se posicione contra um projeto que conta com a colaboração da presidente Dilma”, disse o comunista.

Cláudia Gomes (PTC) também defendeu o projeto: “A ponte sozinha não vai melhorar a mobilidade, mas ela está inserida num conjunto de obras pensado com o objetivo de melhorar o trânsito em Fortaleza”.

ENTENDA A NOTÍCIA

Prefeitura e Governo estadual defendem a construção da ponte estaiada como forma de melhorar o trânsito. Petistas dizem que objetivo poderia ser alcançado com prolongamento de ruas já existentes.

terça-feira, 7 de maio de 2013

O lugar da maioria

por Paulo Moreira Leite

Depois que até o ministro Joaquim Barbosa denunciou a falta de pluralismo da imprensa brasileira e admitiu sua tendência "à direita," os cidadãos de têm mais um argumento para repensar o que se passa no país.

É preciso ter a coragem de entender que o Brasil ingressou numa fase mais aguda de conflito político, real e duradouro, que irá se prolongar até o final de 2014 e a sucessão presidencial.

E atenção. Caso as urnas confirmem aquilo que dizem as pesquisas de opinião, hoje, nem mesmo a vontade soberana do eleitorado pode ser suficiente para resolver esse conflito e garantir o retorno a um ambiente de paz política e respeito constitucional.

Isso porque assistimos a uma luta que, com o passar dos anos, e sucessivas derrotas da oposição, transformou-se, mais uma vez, numa luta contra a democracia. Não vamos nos iludir. As filigranas jurídicas não estão em debate.

O que se questiona hoje é o lugar da maioria, o direito da grande massa de brasileiros ter a ultima palavra sobre os destinos do país.

A questão é o Poder de Estado, a possibilidade de retrocesso ou de novos avanços no lento, modesto mas real processo de mudanças iniciado a partir de 2003, que envolveu a sexta maior econômica do planeta e o destino de uma região cada vez mais relevante no planeta, a América do Sul.

A fraqueza até agora insolúvel da oposição, sua dificuldade em convencer a maioria da população a lhe dar seu voto explica os movimentos cada vez mais ousados, as denúncias, os ataques sem fim.

Não é de estranhar uma nova radicalização conservadora nas últimas semanas, capaz de envolver personalidades com passado democrático, como Pedro Simon, e mesmo personalidades com um passado digno de um presente melhor, como Marina Silva, capaz de ir à TV dizer obrigado a Gilmar Mendes, tornando-se a primeira candidata presidencial a agradecer a um ministro do STF como se tivesse recebido um favor.

Apesar da agitação em torno de eventuais presidenciáveis, novos, antigos e velhíssimos, a situação não mudou, pelo menos até agora.

A grande maioria do eleitorado continua dizendo monotonamente que está satisfeita com o que vê em sua casa e em seu destino. Pode ser tudo ilusão de ótica. Quem sabe seja puro marketing. Pode ser que tudo fique diferente até 2014.

Agora, isso não importa.

Os números estão ali, seja nas pesquisas encomendadas pelo governo, seja naqueles a que tem acesso a oposição. E este é o dado real, que alimenta cálculos e projetos.

Como uma porta-voz da própria imprensa com tendência “de direita”, nas palavras de Joaquim Barbosa, já admitiu, em 2010, o que se quer é dar oxigênio a políticos e concorrentes que não conseguem andar pelas próprias pernas.

É assim que os lobos vestem elegantes ternos de cordeiro sem que ninguém se pergunte pelo trabalho dos alfaiates. Mentiras nem precisam ser repetidas mil vezes para se transformar em verdades. Basta que sejam embelezadas de modo falacioso e permanente. Basta que o veículo X repercuta o que disse o Y e que nem A, nem B nem C tenham disposição para conferir aquilo que disse Z – como é, aliás, tradição da imprensa brasileira com tendência “à direita” desde 1964, quando jornais e revistas se irmanaram para denunciar a subversão e a corrupção do governo Goulart.

E aí chegamos ao calendário atual da crise, ao batimento cardíaco de maio de 2013. Ameaçada, pela quarta vez consecutiva, de se mostrar incapaz de chegar ao governo pelo voto, o que se pretende é uma mudança pelo alto, sem o povo como protagonista – mas como espectador e sujeito passivo.

Faz-se isso como opção estratégica, definida, concebida de modo científico e encaminhada com método e disciplina.

Num país onde o artigo 1 da Constituição diz que todo poder emana do povo, que o exerce através de representantes eleitos ou diretamente, procura-se colocar o STF em posição de supremacia em relação aos demais poderes.

Como se sua tarefa não fosse julgar a aplicação das leis, mas contribuir para sua confecção ou até mesmo para bloquear leis existentes, votadas e aprovadas de acordo com os trâmites legais.

O STF vem sendo estimulado a tornar-se guardião da agenda conservadora do país, construindo-se como fonte de poder político, acima dos demais.

Assume um ponto de vista liberal quando debate assuntos de natureza comportamental, como aborto e células tronco. Mantém-se conservador quanto aos grandes interesses econômicos e políticos.

Sua agenda dos próximos meses envolve muitas matérias de natureza econômica e o papel do Estado na economia. Até uma emenda constitucional que cria subsídios ao ensino privado já chegou ao tribunal. A técnica sem-voto é assim. Já que não se tem força para chegar ao Planalto nem para fazer maioria no Congresso, tenta-se o STF – e azar de quem tem voto popular. A finalidade é paralisar quem fala pela maioria.

No debate sobre royalties do petróleo, que, mesmo de forma enviesada, traduzia uma forma de conflito entre estados ricos e estados pobres, impediu-se o Congresso de exercer suas funções constitucionais. No debate sobre fundo partidário e tempo na TV, o risco de deixar a oposição sem um terceiro nome para tentar garantir o segundo turno inspirou o PSB, oposicionista, a pedir uma liminar que impede a votação de uma lei que cumpria absolutamente todas as exigências legais para ser debatida e votada. Concordo que a lei em questão pode ser chamada de casuística. Sou contra restrições à liberdade de organização de partidos políticos, ainda que possa lembrar que o debate, no caso, não envolve risco de prisão para militantes de partidos não autorizados, como no passado, mas TV e $$ público, mercadorias que não caem do céu.

Sem ser ingênuo lembro que nessa matéria o ponto de vista contrário também está impregnado do mesmo defeito.

A liminar beneficia a oposição em geral e uma presidenciável em particular, que tenta encontrar-se num terceiro partido político em menos de uma década. Até agora nem conseguiu o numero de mínimo de filiados para montar a nova legenda. Jornais informam que está recorrendo a políticos de outros partidos que, aliados no vale-tudo para o segundo turno, tentam dar uma mãozinha emprestando eleitores de seu próprio curral. Não é curioso?

O que se quer é atribuir ao Supremo funções que estão muito além de sua competência nos termos definidos pela legislação brasileira. Não adianta lembrar de países desenvolvidos como se eles fossem a solução para todos os males.

Até porque isso não é verdade. Para ficar num exemplo recente e decisivo. Ao se intrometer nas eleições de 2000 nos EUA, impedindo que os votos no Estado da Florida fossem recontados e conferidos pelos organismos competentes, a Suprema Corte republicana deu vitória a George W. Bush – empossando, com sua atitude, o pior governo norte-americano desde a independência, em 1776.

Inconformado com a decisão da Suprema Corte, o democrata Al Gore chegou a resistir por vários dias, recusando-se a reconhecer um resultado que não refletia a vontade popular. Acabou pressionado a renunciar e retirou-se da cena política. Alguém pode chamar isso de vitória da democracia? Exemplo a ser seguido?

Em situações como a do Brasil de hoje, a atuação dos meios comunicação ajuda a criar mocinhos e bandidos, permite desqualificar o adversário e impedir que todas as cartas sejam colocadas à mesa.

O vilão da vez, como se sabe, é o deputado Nazareno Fontelles, do PT do Piauí, autor da PEC 33, que, com base na soberania popular, garante ao Congresso a ultima palavra sobre as leis que vigoram no país.

Fonteles já foi chamado de “aloprado” e até de ser um tipo que faz “trabalho sujo”, além de outras barbaridades feias e vergonhosas, que servem apenas para abafar o debate político e esconder pontos importantes – a começar pelo fato de que o relator da PEC 33 foi um deputado tucano. (Este seria o que?)

Desmentindo outra mitologia sobre o tema, de que Fonteles produziu uma resposta ao mensalão, evita-se lembrar que o texto é de 2011, quando o julgamento sequer havia começado.

Conheço juristas de peso que têm críticas a PEC 33. Outros lhe dão sustentação integral.

O debate real é a soberania popular. E é desse ponto de vista que a discussão sobre a PEC 33 deve ser feita.

A pergunta, meus amigos, é simples. Consiste em saber quem deve ter a palavra final sobre os destinos do país. Vamos repetir: a Constituição diz, em seu artigo 1, que todo poder emana do povo, que exerce através de seus representantes eleitos ou mesmo diretamente.

Até os ministros do Supremo são escolhidos por quem tem voto. O presidente da República, que indica os nomes. O Senado, que os aprova.

Quem não gosta deste método de decisão deveria comprar o debate e convencer a maioria, conco

Pedra do Sal no vila camaleão - maio 2013

Por Marcus Vinicius











"Vumbora" com Gebedim- maio de 2013

por Marcus Vinicius

segunda-feira, 6 de maio de 2013

STF paga viagem de jornalista do Globo

Por Paulo Nogueira

Um asterisco aparece no nome da jornalista do Globo que escreve textos sobre Joaquim Barbosa em falas na Costa Rica.
Vou ver o que é o asterisco.
E dou numa infração ética que jamais poderia acontecer no Brasil de 2013.
A repórter viaja a convite do Supremo.
É um dado que mostra várias coisas ao mesmo tempo.
Primeiro, a ausência de noção de ética do Supremo e do Globo.
Viagens pagas já faz tempo, no ambiente editorial mundial e mesmo brasileiro, são consensualmente julgadas inaceitáveis eticamente.
Por razões óbvias: o conteúdo é viciado por natureza. As contas do jornalista estão sendo bancadas pela pessoa ou organização que é central nas reportagens.
Na Abril, onde me formei, viagens pagas há mais de vinte anos são proibidas pelo código de ética da empresa.
Quando fui para a Editora Globo, em 2006, não havia código de ética lá. Tentei montar um, mas não tive nem apoio e nem tempo.
Tive um problema sério, na Globo, em torno de uma viagem paga que um editor aceitou.
Era uma boca-livre promovida por João Dória, e o editor voltou dela repleto de brindes caros, outro foco pernicioso de corrupção nas redações.
Fiquei absolutamente indignado quando soube, e isso me motivou a fazer de imediato um código de ética na editora.
Surgiu um conflito do qual resultaria minha saída. Dias depois de meu desligamento, o editor voltou a fazer outra viagem bancada por Dória, e desta vez internacional.
Bem, na companhia do editor foi o diretor geral da editora, Fred Kachar, um dos maiores frequentadores de boca livre do circuito da mídia brasileira.
Isto é Globo.

De volta à viagem de Costa Rica.

Quando ficou claro que viagens pagas não podiam ser aceitas eticamente, foi a Folha que trouxe uma gambiarra ridícula.
A Folha passou a adotar o expediente que se viu agora no Globo: avisar que estava precaricando, como se isso resolvesse o caso da prevaricação.
A transparência, nesta situação, apenas amplia a indecência.
A Globo sabe disso. Mas quando se trata de dinheiro seus limites morais são indescritivelmente frouxos.
Durante muito tempo, as empresas jornalísticas justificaram este pecado com a alegação de que não tinham dinheiro suficiente para bancar viagens.
Quem acredita nisso acredita em tudo, como disse Wellington. Veja o patrimônio pessoal dos donos da Globo, caso tenha alguma dúvida.
É ganância e despudor misturados – e o sentimento cínico de que o leitor brasileiro não repara em nada a engole tudo.
Então a Globo sabe que não deveria fazer o que fez.
E o Supremo, não tem noção disso?
É o dinheiro público torrado numa cobertura jornalística que será torta moralmente, é uma relação promíscua – mídia e judiciário – alimentada na sombra.
Para usar a teoria do domínio dos fatos, minha presunção é que o Supremo não imaginava que viesse à luz, num asterisco, a informação de que dinheiro do contribuinte estava sendo usado para bancar a viagem da jornalista do Globo.
Como dizia meu professor de jornalismo nas madrugadas de fechamento de revista, quando um texto capital chegava a ele e tinha que ser reescrito contra o relógio da gráfica, a quem apelar?

Qual Poder é preciso defender?

por Luiz Carlo Bresser-Pereira

Se existe um Poder que precisa ser defendido, este é o Legislativo. Os outros dois não estão ameaçados

As democracias se caracterizam pelo equilíbrio de Poderes, mas isso não significa que os três tenham a mesma importância. O Legislativo é o Poder democrático por excelência, e cabe a ele a palavra final em todas as questões, através das emendas. Entretanto, o que vemos no Brasil é o Judiciário - Poder burocrático por excelência - tentar assumir essa posição, o que é inaceitável do ponto de vista da democracia.

O equilíbrio de Poderes, ou "checks and balances", é a tese através da qual filósofos liberais do século 18 buscaram limitar o Executivo, o monarca absoluto. Mas, além disso, é uma tese que visou limitar o Parlamento - reflexo da oposição do liberalismo à democracia no século 19 a partir do argumento de evitar a "ditadura da maioria".

Há tempos esse argumento, que servia para a burguesia rejeitar o sufrágio universal, mostrou-se equivocado. A maioria alcançada em alguns momentos por sociais-democratas que representavam os trabalhadores jamais buscou exercer a ditadura quando ganhou eleições.

Mas o medo da democracia continua a assombrar liberais, que, apesar da crítica ao Estado e à sua burocracia, sempre buscam transferir poderes; do Executivo para agências burocráticas supostamente "independentes"; e do Legislativo para o Supremo Tribunal Federal.

Ao julgar a constitucionalidade das leis e interpretar os dispositivos da Constituição que não são claros, o Poder Judiciário exerce um papel que lhe é próprio. Mas o que estamos vendo é algum dos ministros usarem o "clima favorável" criado por um liberalismo antidemocrático ainda dominante para se impor sobre o Parlamento. Vimos dois movimentos recentes nessa direção.

Primeiro, o Supremo não hesitou em interferir na ordem em que os projetos de lei são votados, exigindo que venham primeiro as medidas provisórias. Agora, um ministro concedeu liminar para impedir que continue a ser discutido no Senado projeto de lei que inibe a criação de partidos políticos. Usou como justificativa o fato de que o projeto estaria sendo aprovado "de afogadilho".

O Brasil tem um bom Judiciário, um Poder meritocrático formado por magistrados de elite. Já o Congresso está permanentemente nas manchetes, porque é constituído de um número grande e heterogêneo de parlamentares e reflete qualidades e defeitos da sociedade brasileira.

Mas não é razoável que, por essa diferença de constituição, a sociedade se deixe convencer por um liberalismo que manifesta preferência pelo Poder Judiciário e desgosto com a política e a democracia.

O Congresso aprovou na Comissão de Justiça da Câmara emenda constitucional que exige maioria de quatro quintos para o Supremo declarar leis inconstitucionais -- algo discutível, mas razoável. Creio ser justo que esteja clara para o Supremo a inconstitucionalidade de uma lei já duramente discutida.

Receio que alguns ministros do Supremo estejam se inspirando na Suprema Corte dos Estados Unidos, mas lá seus membros não têm alternativa, já que a Constituição se tornou uma espécie de tabu, e o Congresso perdeu capacidade prática de emendá-la. No Brasil não é assim. Devemos saudar as tentativas para contornar a crise entre os dois Poderes, mas sem perder de vista que, se há um que precisa ser defendido (e sempre criticado), este é o Legislativo. Os outros dois não estão ameaçados.

domingo, 5 de maio de 2013

Na vila com Gebedim (vídeo) - maio 2013

por Marcus Vinicius

Rafael e o Gebedim - maio de 2013

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Gebedim e Jorge - maio de 2013

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ERREI, ERRAMOS - GEBEDIM (VÍDEO) - MAIO 2013

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Gebedim no Camaleão (vídeo) - 4 de maio 2013

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Gebedim no Vila ( vídeo) 4 de maio de 2013

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Gebedim no Vila camaleão (3) - 4 de maio de 2013

por Marcus Vinicius































Gebedim no Vila Camaleão (2) - 4 de maio de 2013

Por Marcus Vinicius